Recomeçando...

 

ablação de miomas

Há 4 meses recomecei... Obrigada Senhor!

Se você leu alguma coisa no blog esses últimos meses é que já estavam programado, tinha deixado umas postagens prontas devido aos preparativos do casamento do meu filho mais velho. Estive ausente  por aqui, parecia que o blog tava sem dona, um barco a deriva. Não por minha vontade, mas por uma "pedra no caminho". Já contei lá no IG @decoeinvencao os motivos, fiz um relato mais resumido, mas aqui vou contar no nível plantão medico...rsrs....

No dia 26/03/2022 tive que ser operada de urgência com uma peritonitis. Peritonitis provocada por uma perfuração intestinal em outra cirurgia dois dias antes. Uma cirurgia que era simples, cirurgia de ablação de miomas por radiofrequência. Eu vinha sofrendo com um mioma intramural (mioma que desenvolve dentro da parede do útero) durante quase 4 anos. Muitas dores, sangrado, anemia a ponto de tranfusão. Tentei tratamento hormonal, antes da pandemia, que me provocou uma diabetes tipo 2. 

Com a pandemia no meio da caminho e a única solução não hormonal era tomar coagulantes, prá não sangrar muito durante o período. 

Como as coisas foram normalizando depois da pandemia, no que se diz respeito a atendimento médico , no princípio de março me propuseram o tratamento de miomas sem cirurgia. Um procedimento simples, que se realiza no hospital, faz em um dia e no outro já pode ir prá casa. Consiste em acessar o mioma por via vaginal, realizar um corte(ablação) e "queimar" com radiofrequência. Dentro de 6 meses o mioma diminui ou desaparece em 60 - 80% dos casos . Esse procedimento evita uma cirurgia aberta prá retirar o mioma, e a recuperação é mais rápida. Aceitei na hora, me explicaram tudo e o risco cirúrgico era quase zero.

Me operaram no dia 24/03/2022 pela manhã. A tarde estava bem , sem dores, dormi bem e no dia 25/03/2022 me deram alta de manhã. Fui prá casa, almocei, dormi a sesta e as 5 da tarde comecei com dor. A médica disse que no pós operátório poderia ter dor como cólicas mentruais e era normal. Tomei um ibuprofeno e não melhorou, tomei paracetamol e buscopan e nada. Cada vez piorava. Como estava frio, tentei colocar uma manta térmica na barriga e não adiantou. Nós mulheres temos o ponto de dor muito alto, sempre tentamos aguentar um pouco mais a dor, na esperança que vai passar, né?

Mas as 10 da noite comecei a vomitar e meu marido já desesperado pela minha situação e minha teimosia chamou em urgências. Orientaram que fosse ao hospital. Vivo em um terceiro andar, baixei as escadas encurvada. No carro não aguentava nem o cinto de segurança. Coloquei o cinto e estiquei com mão a parte que fica na barriga, pela dor insuportável. Me examinaram no hospital onde me operaram e me mandaram prá o outro, porque ali não tinha urgencias ginecológicas de madrugada. No outro já fui direto em ginecologia e não viram nada a não ser coisas normais da cirurgia. Pediram uma tomografia com contraste onde viram a perfuração. Vieram duas ginecologistas e duas cirurgiãs que me explicaram a situação. Chamaram meu marido que esperava fora e o ele entrou esperando como resposta que estava tudo bem e que iríamos prá casa. Tomou um susto daqueles, ficou sem chão, tentou assimilar rápido o que estava passando , mas em menos de 5 minutos me baixaram ao centro cirúrgico. As 4 da manhã já estava sendo operada, graças a Deus. 

Foi tudo muito rápido, não tive tempo de pensar, a dor me nublava a mente. Lembro de alguém com uma toquinha estampada me perguntando se tinha alergia a algo e nada mais. Já acordei na UTI entubada, não sei quanto tempo depois. Me disseram que tinha saido tudo bem, que iria ficar ali um tempo e que meu marido poderia me visitar as 5 da tarde.

No outro dia fui para o quarto, fiquei 2 dias sem tomar nem água (dormia quase o tempo todo). Logo me deram chá de camomila uns 3 dias, depois passei mais 3 dias a consomé e iogurte e logo comida de verdade. Eu brincava que perder uns quilinhos para o casamento do meu filho, era boa idéia, mas essa dieta tava meio bruta...rsrs...

10 dias de hospital dão prá muita coisa, prá dar muita volta na cabeça. No principio dormia muito, estava até o último fio de cabelo de calmantes e morfina. Mas me senti idiota por ter aceitado o procedimento de ablação, porque fui mexer com cirurgia, fiquei com raiva de mim, de ficar dando trabalho, de ficar dependente. Por entrar na menopausa. Eu que queria evitar uma cirurgia aberta, não adiantou nada. Virei uma chata de galocha e uma murmuradora de dicionário.

Mas Deus foi acalmando meu coração e abrindo minha visão prá que suas obras eu pudesse ver. E vi, que tenho uma família linda que se preocupa comigo, que Deus me ama e com sua eterna misericórdia me deu uma nova chance, uma nova vida. Ouviu a minha prece , me estendeu a mão e me socorreu a tempo, a chance de sobreviver por peritonitis é só 20%.

Perdi 40 cm de intestino delgado, e me fizeram uma histerectomia total. Perdi 6 quilos e ganhei uma cicatriz enorme (35 grampos) da linha da cesárea até depois do umbigo. Foram 50 días fazendo curativos.

Mas graças a Deus pude levar meu filho ao altar (com cinta na barriga), um dos momentos mais emocionantes da vida. E posso ver o nascer do sol a cada dia e agradecer por tudo que tenho. A vida é um presente de Deus !!!

A cicatriz? E prá lembrar o que vivi, que sobrevivi, que sou forte , e meu Deus é mais.

"Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." 

1 Tessalonicenses 5:18 ARA


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